Ontem, 5.ª feira, vários órgãos de comunicação social dedicaram espaço a "denúncias" em forma de livro, da autoria de uma socióloga, relativas à suposta existência de "publicidade encapotada" em manuais escolares.
Dessas notícias, apenas o jornal Público, numa peça assinada por Bárbara Wong, dava conta de um comentário de uma editora escolar. Todas as outras reproduziam, mais caracter menos caracter, o take da Lusa emitido no dia anterior.
Duas notas breves:
1) A Lusa, que foi que trouxe para agenda o "caso", registou as "denúncias" e não cuidou de procurar obter uma reacção da Comissão do Livro Escolar da APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros). É defeito meu ou, neste caso, a tentação do buzz e da polémica - ingredientes do sensacionalismo - substituiu as melhores práticas jornalisticas?
2) Publicidade existe sempre que um determinado espaço é ocupado por uma marca mediante o pagamento de uma verba. Ora, se (i) não há páginas de publicidade nos manuais, porque nenhum editor jamais pensaria nesse dislate; (ii) as referências iconográficas estão presentes em imagens do quotidiano; (iii) professores e demais especialistas de ensino não têm dúvidas em afirmar que a aprendizagem é muito mais eficaz quando os alunos relacionam as matérias com o meio envolente e a realidade do seu quotidiano, então...
... então temos que a autora do livro deveria ter-se libertado das amarras (pelos vistos) estreitas da análise sociológica e procurado apreender outros conhecimentos. Assim, não se dava ao disparate. A não ser que tenha encarado esta abordagem como uma alavanca de divulgação ou, pior, que tenha uma visão asséptica do mundo, tão em voga nos nossos dias. Seja como for, não deixa de ser um livro de fraco horizonte.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Sociologia do Disparate
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