terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Notas sobre a noite de 22/01

1. Perdi. (Felizmente) É a Democracia. Espero que Cavaco Silva, como presidente, seja francamente melhor do que foi enquanto primeiro-ministro;
2. A ver vamos se o primeiro Presidente da República proveniente do centro-direita não será o primeiro Presidente da República a não conseguir um segundo mandato;
3. A máquina que o levou a ganhar as eleições está de parabéns, embora não seja de desprezar o conjunto de circunstâncias muito favoráveis à sua candidatura. Quanto à boa imprensa que teve, e teve!, fez por a merecer fruto de um trabalho de sapa feito nos últimos 10 anos. Um case study;
4. Manuel Alegre é outro caso a merecer análise, embora esteja certo que o tempo vai ajudar a perceber melhor as circunstâncias que motivaram a sua candidatura. O seu discurso rebelde, quase quixotesco, a aura de poeta, o romantismo da sua posição valeram-lhe muitos e merecidos votos. "As coisas vão ter que mudar", afirma agora Alegre. Gostava de ser tão optimista;
5. Soares teve uma grande derrota. Se é de louvar a realização de uma campanha de contacto com o povo, estranha-se o número incrível de tiros no pé dados ao longo da pré-campanha e campanha. E aquele debate com o Cavaco...
6. Mas o maior perdedor é o PS - a não ser que se venha mais tarde a revelar a teoria verdadeiramente maquiavélica sob a qual se defende que tudo foi meticulosamente preparado por Sócrates para acabar de vez com o Soarismo no PS e, acto contínuo, dar mais uns retoques de "limpeza de balneário".
7. A propósito, o ajuste de contas com Manuel Alegre já começou. O episódio da intervenção do Secretário-Geral - sublinho, Secretário-Geral - do PS sobre o discurso do Manuel Alegre é paradigmático. "Foi pura coincidência", ouvi hoje. 'Tá bem, abelha!
7.1 As televisões estiveram muito mal. Para mim, não há critérios que justifiquem o comportamento das TVs. Foi puro mainstream, o resto é conversa.
8. Jerónimo continua a subir. Até onde, não se sabe. Está de parabéns a equipa de marketing político do PCP. Analisaram o perfil do líder, testaram junto do público, viram os resultados e definiram a fórmula. De sucesso.
9. O Bloco não ganhou nem perdeu. Serviu para pagar as despesas, mas também para fortalecer Louçã, que esteve bem nos debates - sobretudo contra Cavaco.

E é isto. O importante é que o FCP é o líder sem condição. Abraços

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